Cabine 001

Não é que eu adora-se a escola mais que tudo. Não é como se o meu verão tivesse sido péssimo. Mas voltar para Hogwarts sempre me deixava de bom humor. Voltar a ver os meus amigos, voltar a chatear professores, voltar a estar livre de quase todos os meus irmãos e principalmente estar livre das discussões de lá de casa. Todos os dias a mesma porcaria.
Por isso é que Hogwarts também era boa.
Despedi-me da minha mãe com um beijo na cara e uma promessa que lhe escreveria hoje à noite. O meu pai não veio. Esteve de plantão. Se doía? Sim. Mas também não era nada de estranho.
- Qualquer coisa manda-me uma coruja, mãe... - Dei-lhe um dos meus sorrisos caricatos e abracei-a uma última vez, deixando os meus irmãos fazerem o mesmo.
- Portem-se bem vocês todos! Mason, não quero saber de mais brigas.
Eu revirei os olhos. Só porque um gajo manda um murro, uma vez, a um tipo. Somos logo visto como delinquentes. Eu não era delinquente nenhum. O tipo só estava a ser idiota para uma rapariga. Mas não é como se alguém fosse me ouvir dizer isso. Eu era o rapaz que roubava o coração a todas as miúdas. Não me andava a esforçar para isso, nem nada. Acho que só tinha uma cara bonita e era simpático quando queria.
Fui entrando no comboio, desviando-me dos miudos antes que eles fossem contra mim e sujassem-me já a roupa toda. Disse adeus a minha irmã e meti-me dentro de um compartimento, pegando numa coca-cola que estava dentro da minha mochila. O vicio era coisa lixada.

Estava a conversar com os rapazes quando uma miuda entra dentro da cabine. Era bem baixinha, e tinha o cabelo loiro muito comprido. Era bonita. E estas coisas não me aconteciam muitas vezes mas tenho que admitir que, naquele momento, fiquei um tanto admirado...? Não sei se é a palavra certa para descrever. Olhei para a cara dela e vi uns olhos completamente lindos. Tinham tantas cores que eu acho que era capaz de os ver por horas.
Olha a porra, Malloy. Sai dessa.
- Vá-lá. malta. Deixem a novata se sentar.
Disse com um meio sorriso divertido quando a vi fazer má cara para a Raquel. Não era toda a gente que o fazia logo no inicio. Eles reviraram os olhos e abriram um espaço para a rapariga se sentar a minha frente.
- Então... Não te vais apresentar, novata?
Encostei-me para trás no banco ainda a olhar para ela. E não vou mentir, agora não estava só a olhar para os bonitos olhos dela, se é que me entendem.

Eu acho que a rapariga estava a sentir-se um bocado gozada. Quer dizer, nós não eramos assim muito simpáticos, eu sei. Eu tentava o ser. Não havia razão nenhuma para ser antipático. Mas o meu sarcasmo e ego deixavam a desejar.
Pelo menos eu sei dos meus defeitos.
Tentei-me endireitar mas estava complicado. A Raquel não me largava desde que cheguei. Ela ainda não percebeu que eram só uns beijos. Ela não era minha namorada. Diabo, eu por vezes nem sabia se ela era minha amiga. A gaja era demasiado... Agarrada.
- Oh Raquel, podes sair? Eu magooei-me a jogar quiddich.
O olhar que ela me mandou era o mesmo que ter me mandando uma chapada na cara. Mas eu já lhe tinha explicado. Ela não era minha namorada. Eu não queria namoradas. Estava bem onde estava.
Ela lá acabou por sair. Olhando com raiva para a miuda nova.
- Não lhe ligues, ela não gosta muito de pessoas. - Disse meio irónico recebendo outro olhar. Depois fiz o meu sorriso para a novata. - Mason Malloy. Slytherin.
Estendi a mão para ela ainda a sorrir.
- Sofia, hum? Isso não parece nome do país da rainha.
Os rapazes já olhavam para nós os dois. Provavalmente, porque eu não era assim com qualquer pessoa que aparecesse ao pé de mim pela primeira vez. Mas eles já olharam bem para ela? A miúda era linda. Completamente linda. E eu estava a tentar ser um bom menino, como a minha mãe disse.
- Hey, não lhes ligues. Eles tem esta cara de maus mas é só para estranhos. - Pisquei-lhe o olho.

Que ela não gostava de nós já dava para perceber. Não só pela cara dela mas também por o que ela disse. O que meio que me deixava um tanto coiso porque eu não me importava de a conhecer. O que é que eu estou a pensar? Não me vou meter com a novata. Ela pode ser completamente linda e isso tudo mas parece que não gosta de ninguem. E os meus amigos não eram assim tão maus. Tirando a raquel as vezes.
Ela disse que era da Argentina. Percebia-se que era de algum pais hispânico. O sotaque era diferente mas não era horrivel. Até lhe ficava bem. Tirando a parte que não conseguia dizer o meu nome. Mas isso fez-me mais rir com a vergonha dela do que outra coisa.
- Não não. É mason. Tipo May...Son...
Tentei ajudar outra vez a sorrir. E ela repetia, mas não conseguia. Fui tentando várias vezes porque... Olha foda-se achava adorável e gostava de a ouvir dizer o meu nome.
Porra pareço um stalker a falar.
Ela parou-me a meio da frase a perguntar se ainda demorava muito para nós chegar-mos ao castelo. Eu abanei a cabeça voltando-me a encostar para trás no banco. Eu estava a tentar ser simpático não era preciso ela estar ali como se eu fosse a pior pessoa do mundo. Quem é que esta gaja pensava que era?
- Não. Mais uns vinte minutos.
Mordi a lingua para não dizer alguma coisa que me fosse arrepender e olhei pela janela passando a mão pelo meu cabelo. Não percebia porque é que ela estava assim.
- Posso te ajudar a procurar outra cabine se quiseres.
Ofereci, dando de ombros. Podia ser que ela fosse mais simpática se tivesse-mos sozinhos.
Não para isso! Jesus credo eu não estava a pensar nisso.
... Muito...
- Porque já vi que não gostas da nossa companhia.
Disse logo rápido mas vi logo os olhares e sorrisos dos rapazes. Pronto. Tava lixado.

Não era difícil de perceber que ela tinha ficado irritada. E ela parecia ainda mais gira assim. Com as bochechas meio vermelhas e aqueles olhos assassinos a olhar para a Raquel e também para os outros. Era engraçado ela estar assim. Quer dizer, acho que nunca vi ninguém ficar assim tão vermelho na vida de irritação.
- Eu posso te ajudar O.o Não é preciso ficares assim, babe.
Vi os olhos dela olharem-me ainda mais irritada e não consegui esconder o sorriso. É. Eu acho que gostava de irrita-la. Pode ser que faça isso um passatempo. Ela ainda ficava mais linda assim, por isso, era uma vitória para mim. Abanei a cabeça quando vi ela empinar o nariz, mas não lhe disse mais nada. Tinha um ano letivo completo para me aproximar dela ou chateá-la. Tempo não faltava.
Enquanto ela ia para a porta, não consegui resistir a olhar para a traseira dela. Esta rapariga era completamente linda. Dei por mim a pensar: "Belo rabo, Redbird!". Mas controlei-me. Não podia arruinar já tudo. Pelo menos tinha que a fazer gostar um pouco de mim, para ela não me odiar.
- Qualquer coisa, chama.
Falei sincero, mas ela não ligou e saio.
Eu encolhi os ombros olhando para os meus amigos e voltei a olhar para a janela enquanto dava-mos uma das ultimas curvas para entrar em Hogsmeade. A Raquel bem que tentou o resto da viagem meter-se comigo. Mas eu estava a pensar naquela rapariga com o sotaque giro que não conseguia dizer o meu nome.